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Catalisador II: Dicas de Manutenção

por paulo costa

No post anterior ( se não leu, recomendo clicar aqui) abordamos, de forma sucinta, o principio de funcionamento do conversor catalítico e o histórico deste importante componente que reduz em torno de 50% a emissão de gases poluentes emitidos por um veículo.

O ponto principal do post anterior foi tratar de alguns mitos existentes sobre o catalisador e também responder algumas perguntas comumente feitas por mecânicos iniciantes, hobistas e proprietários de veículos, com o intuito de entender melhor o componente e saber como preservá-lo.

Mas como manter a vida útil do catalisador por um longo período? Quais fatores influenciarão a eficiência catalítica ou farão diminuí-la? É possível dar um diagnóstico do catalisador de forma precisa? Qual a vantagem que os veículos que possuem sistemas de gerenciamento do motor dentro do padrão OBd Br2 tem com relação ao monitoramento do catalisador? Vamos tentar responder a essas perguntas nas próximas linhas e dar a nossa contribuição.

Prolongando a vida útil do catalisador

Não existe uma manutenção do catalisador, mas podemos preservar o mesmo revisando e mantendo o bom funcionamento dos sistemas e componentes envolvidos na elaboração e queima da mistura ar/combustível e do sistema de escapamento, uma vez que o funcionamento do conversor catalítico depende diretamente do perfeito funcionamento destes. Vejamos quais cuidados devemos ter e recomendar para contribuir com a durabilidade e funcionamento do componente.

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Sistema de Injeção e Ignição Eletrônica

O funcionamento ótimo dos sistemas de injeção e ignição eletrônica formará uma boa mistura ar/combustível e promoverá a queima precisa desta. Esses são fatores essenciais para prolongar a vida do conversor catalítico. Um bico injetor funcionando de forma irregular ou uma vela de ignição com baixa eficiência(mesmo que isso não implique em mau funcionamento do motor), afetará de forma direta a eficiência do catalisador e sua durabilidade, portanto, o segredo é fazer o acompanhamento periódico desses sistemas, aplicando as manutenções devidas e as substituições de todos os componentes que influenciem direta e indiretamente para o seu perfeito funcionamento.

Todos os elementos a partir da admissão(1) até a descarga(7), são importantes para o funcionamento ótimo do catalisador.

Motor

Vazamentos internos no motor permitem a entrada de óleo lubrificante na câmara de combustão, que por sua vez atingirá o catalisador afetando o mesmo. Por isso estes devem ser eliminados o mais breve possível. Outro importante sistema a ser verificado é o sistema de ventilação do carter (respiro do motor). Este sistema, quando com problemas, permitem a chegada do óleo ou vapores excessivos ao sistema de admissão do motor, o que além de provocar carbonização, contamina a mistura ar/combustível. Avalie o sistema de ventilação periodicamente nas revisões. Outros problemas de motor como má vedação das válvulas do cabeçote e consumo de líquido de arrefecimento também serão causas de defeitos no catalisador ou baixa eficiência do mesmo.

Sistema de ventilação dos gases do carter, afetam o trabalho da sonda lambda e catalisador.

Escapamento

É no sistema de escapamento onde o catalisador esta instalado e do qual faz parte, logo, problemas de vedação por juntas ou furos devem ser diagnosticados e solucionados, pois afetam diretamente a eficiência do catalisador. As fixações do sistema também devem estar em perfeitas condições evitando vibrações e choques, que causam a quebra da colmeia.

Monitoramento da Eficiência Catalítica

O recurso de monitoramento da eficiência do catalisador através de uma sonda lambda após o mesmo é provavelmente o grande recurso dos sistemas que estão sob a norma OBD Br2*, que passou a ser adotado no Brasil a partir de 2009 e sendo obrigatória em 2012, logo, todos os veículos a partir deste ano possuem a sonda lambda pós catalisador que possibilita a UCM** monitorar a a eficiência catalítica.

O recurso possui uma alta eficiência, pois tanto consegue acompanhar em tempo real se o catalisador está funcionado corretamente, como também através de testes intrusivos*** ao longo do funcionamento do motor, verifica a resposta do conversor catalítico a estes testes. Essa eficiência do sistema implica ao técnico uma nova atitude quando se deparar com DTCs (códigos de falhas) que remetam a falhas no catalisador, pois, tudo que possa causar um desequilíbrio nos gases de descarga, por consequência, irá alterar a eficiência catalítica.

Sonda lambda de pós catalisador (monitor do catalisador). Tecnologia surgida em 1996 nos EUA, obrigatório no Brasil a partir de 2012.

Diagnóstico

Embora processo de diagnóstico realizado pelos sistemas com padrão OBD Br2 seja bastante eficiente, é sempre bom para nós técnicos utilizarmos outros métodos que possam auxiliar na confirmação e/ou conclusão do diagnóstico. Os métodos podem ser utilizados isoladamente ou em conjunto. Vejamos:

Via Temperatura Pré e Pós Catalisador

Um catalisador que esteja operando corretamente terá uma temperatura mais baixa na sua entrada e mais alta na saída, o que indica que está acontecendo as reações químicas em seu interior. Logo, esse modo de teste consiste em realizar medições (com um termômetro infravermelho) na entrada e na saída do catalisador.

Se faz necessário que o técnico atente para uma grande diferença entre a temperatura pré e pós catalisador. Uma diferença muito grande entre a entrada e a saída dos gases, poderá indicar problemas diversos como os acima citados, e por isso, a utilização desse método exigirá cautela.

Avaliação da temperatura pré e pós catalisador com termômetro infravermelho.

Via Pressão Pré Catalisador

Esse modo é realizado instalando um manômetro dedicado antes do catalisador, utilizando o ponto de fixação da sonda lambda (alguns sistemas possuem ponto exclusivo para instalação do teste). A avaliação é bastante simples, pois, através do código de cores no visor do manômetro (como mostra a figura abaixo), é possível avaliar se a pressão está dentro do ideal. Pressões acima do normal também poderá ser causadas por defeitos em outros componentes do sistema, que também deverão ser avaliados.

Manômetro dedicado para avaliação da pressão pré catalisador.

Via Análise dos Gases de Descarga

Esse modo só é possível utilizando um analisador de gases e de preferência fazendo medições antes e depois do catalisador. Para realizar o diagnóstico, o técnico precisará ter conhecimentos sobre análise de gases, dominar o manuseio do equipamento e até informações sobre o sistema que está sendo avaliado, porém, é um modo muito preciso de avaliação.

Analisador de gases de descarga
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O Conversor Catalítico ou Catalisador como chamamos popularmente é um componente de custo elevado, porém extremamente necessário para diminuir a poluição ao meio ambiente criadas por veículos automotores, motivos mais que suficientes para mantê-lo funcionando e em bom estado, pois, um veículo sem o componente pode chegar a poluir 50% mais. Cabe a nós técnicos orientar os proprietários de veículos como preservar o mesmo através dos devidos cuidados e manutenções, assim como estar capacitados para o diagnóstico preciso quando necessário.

Sabemos o desafio do dia-a-dia da oficina e espero que esses posts sirvam de estímulo para a busca de capacitação dos colegas. Caso tenha sido útil as leituras pra você, compartilhe, deixe um comentário ou crítica para que possamos saber se estamos no caminho certo.

Sucesso!

*On Board Diagnostics Brasil Fase 2

**Unidade de Controle do Motor

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Comentários

Paulo Costa
Paulo Henrique de Lima Costa, 51 anos, é reparador automotivo há 27 anos, dos quais 22 como instrutor automotivo. Foi proprietário de oficina mecânica entre os anos de 2002 e 2013. Como instrutor, ministrou treinamentos no Senai/Ctgás em Natal/RN, formou turmas próprias e trabalhou por 4 anos no Centec Cursos. Há 5 anos desenvolve a Carro & Técnica Treinamentos Automotivos, onde oferece treinamentos desde o básico (Curso IDEA) ao avançado (Diagnóstico da Rede de Comunicação, Diagnóstico com Transdutores, Osciloscópio Automotivo, etc) nas versões presencial e EAD/On Line.
http://www.carroetecnica.com.br

2 Replies to “Catalisador II: Dicas de Manutenção

  1. Ótimo trabalho!
    Após perder muito tempo na internet encontrei esse blog
    que tinha o que tanto procurava.
    Parabéns pelo texto e conteúdo, temos que ter mais
    artigos deste tipo na internet.
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      Sucesso!
      Paulo Costa

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