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30 anos depois e não há controle de poluição no Brasil

por fernando siqueira

30 anos depois, Brasil ainda patina para controlar poluição dos carros.

 

O Brasil realizou primeiro programa antipoluição há três décadas e, desde então, avança aos trancos e barrancos em eficiência energética. Passou despercebido em 2016 o aniversário de 30 anos do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores).

 

 

Como a indústria instalada no País completou 60 anos no mesmo ano, significa que metade de sua trajetória histórica foi regida por regulamentações que, se não estão entre as mais rigorosas do mundo, pelo menos ajudaram a mitigar as chamadas emissões reguladas de três gases: monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos.

No caso de motores de ciclo Otto o controle pôde ser feito com relativa facilidade por meio de gerenciamento eletrônico de injeção e ignição, além de um dispositivo muito eficiente, o catalisador de três vias, que recebe este nome por atuar sobre aqueles gases.

Quando a peça atinge a temperatura de trabalho — hoje de forma muito mais rápida — e uma eficiência de conversão de 98%, os subprodutos no escapamento são nitrogênio e vapor d’água.

Um dos acertos do Proconve foi trabalhar com fases e prazos, a exemplo do exterior. Isso atraiu fabricantes de catalisadores para o Brasil. Inicialmente a Umicore, que completou 25 anos, e depois a BASF. Stephan Blumrich, presidente da primeira, afirmou ao País: “devemos continuar, como o resto do mundo faz, a buscar reduzir emissões. O legislador deve atuar em harmonia com a indústria quanto a metas e o tempo necessário para alcançá-las. Com o aumento da frota circulante e condições de tráfego mais difíceis, há necessidade não apenas de avançar nas regulamentações, e também ter um controle sobre a efetiva manutenção dos veículos por meio de inspeções.”

O fato é que não se vislumbram ainda os próximos passos do Proconve. Ministério do Meio Ambiente e Ibama deveriam ter avançado nas propostas, mas parece haver certa letargia em parte pela situação política e econômica do País.

Neste cenário o governo do Estado de São Paulo resolveu, depois de 20 anos de indefinições, propor a continuidade na legislação e, pela primeira vez, iniciar um programa estadual de inspeção veicular.

De fato, um esforço isolado da cidade de São Paulo deixa de trazer benefícios maiores porque a poluição se estende por toda a região metropolitana e começa a preocupar também em concentrações urbanas do interior e litoral. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente anunciou na semana passada que, a partir de 2018, todos os veículos a diesel serão inspecionados.

Segundo o secretário, Ricardo Salles, as 46 agências regionais da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) se encarregarão do programa. É imprudente achar que uma companhia com várias atribuições e em momento de finanças tão apertadas possa coordenar e executar inspeções.

Isso não deu certo no Estado do Rio de Janeiro nem no exterior. A fórmula com menos possibilidade de erros é boa regulamentação e licitação dos serviços entre empresas especializadas.

 

Fernando Siqueira é jornalista automotivo há 40 anos e edita o caderno e o blog Auto& Motores, que você pode conhecer aqui.

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Paulo Costa
Paulo Henrique de Lima Costa, 51 anos, é reparador automotivo há 27 anos, dos quais 22 como instrutor automotivo. Foi proprietário de oficina mecânica entre os anos de 2002 e 2013. Como instrutor, ministrou treinamentos no Senai/Ctgás em Natal/RN, formou turmas próprias e trabalhou por 4 anos no Centec Cursos. Há 5 anos desenvolve a Carro & Técnica Treinamentos Automotivos, onde oferece treinamentos desde o básico (Curso IDEA) ao avançado (Diagnóstico da Rede de Comunicação, Diagnóstico com Transdutores, Osciloscópio Automotivo, etc) nas versões presencial e EAD/On Line.
http://www.carroetecnica.com.br

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