por paulo costa
Mas de onde vem a má fama dos motores multiválvulas? Por quê existe tanto preconceito entre proprietários, (alguns) mecânicos e o mercado automotivo com esses excelentes propulsores e, paradoxalmente, eles continuam sendo utilizados pela indústria automotiva e estão presentes em todas as categorias de veículos de passeio e médios (pick-ups e SUVs)?
Na parte 1 nós falamos das vantagens técnicas dos motores multivávulas e aqui irei finalizar trazendo alguns fatos que somados, ajudaram a denegrir a imagem desses motores.
Equívoco
20 anos atrás foi lançado o primeiro carro popular com a tecnologia multiválvulas e o modelo era líder absoluto em vendas. O fabricante, à época recomendava a substituição do óleo do motor a cada 15.000 km.
Devido a algumas características técnicas do motor (como maior taxa de compressão) e do sistema de injeção eletrônica, o óleo lubrificante era contaminado por resíduos de combustível resultantes da queima (coisa que hoje sabemos acontece com todos os tipos de motores). A associação do tempo prolongado da troca do lubrificante mais as características técnicas do motor, teve como resultado a degradação do óleo e consequentemente a quebra de um grande número de motores.
Logo que se reconheceu o erro e a recomendação para a substituição do óleo passou a ser a cada 5.000 km o problema cessou, provando que o problema não estava nos motores, porém, o estrago já estava feito.
Técnica
Apesar de recentemente presenciarmos um movimento das montadoras em passar informações técnicas ao setor da reparação independente, é fato que novas tecnologias são lançadas (visando a melhoria dos veículos, seja com relação a conforto, desempenho, segurança…), mas as técnicas de reparação não são transmitidas ou repassadas a comunidade da reparação independente, aquela que atende a grande maioria dos veículos, de imediato e esses veículos chegam as oficinas ou centros de reparação onde é comum o reparador automotivo não ter o conhecimento daquela tecnologia. Imagine isso 20 anos atrás?
No caso dos motores multiválvulas, a técnica da substituição da correia dentada é mais apurada e também exigia (e exige) ferramentas especiais. Pela falta de tais conhecimentos, muitas correias eram montadas fora de sincronismo/fasagem, sub tensionadas ou sobre tensionadas. Como consequência desses erros houveram quebras prematuras da mesma ou ainda perda de potência do motor e aumento do consumo de combustível. Mais uma vez a culpa era colocada no motor “16 válvulas”.
Custo de Manutenção
Nos motores multiválvulas (em particular os mais antigos) a quantidade de peças na hora da substituição da correia dentada é maior, e isso associado a um custo maior do reparador na aquisição de ferramentas e instrumentos especiais para a execução do serviço, faz o valor total do mesmo ser mais alto e essa também é uma das alegações para dizer que esses motores “não prestam”, pois é mais caro pra manter.
Mas afinal, por que os motores multiválvulas não prestam? Por causa de um erro de recomendação para substituição do óleo lubrificante? Falta de competência de alguns profissionais? Porquê, em alguns casos, é mais caro na hora de manter? Um argumento técnico convincente existe?
O fato é que os motores multiválvulas são tão bons e duráveis como os que usam apenas uma válvula de admissão e uma de escapamento, com a grande vantagem de facilitarem o enchimento do cilindro com a mistura ar/combustível melhorando a eficiência volumétrica. Esses motores, quando associados a recursos como turbo compressor, comando e coletor de admissão de geometria variável e sistema de injeção eletrônica direta, o resultado é a extração de torque e potência elevados em motores de baixa cilindrada e poucos cilindros, também conhecidos por motores downsing.
Por tanto, orgulhe-se do seu motor 16 válvulas!
Leia a parte 1 aqui!