Por Paulo Costa*
A utilização do veículo em trânsito urbano e rodoviário tem ligação direta com a vida útil do óleo do motor. Os manuais dos veículos falam em uso severo e citam alguns pontos como; estradas empoeiradas, puxar reboque/trailer, “anda e para” do trânsito, entre outros, como pré-requisitos para a redução da quilometragem limite da troca do óleo lubrificante.
Baseado em perguntas frequentes que clientes e amigos me fazem ao longo de anos, fiz esse artigo usando uma linguagem simples e sem entrar em maiores detalhes técnicos, com objetivo de auxiliar você a ter uma melhor compreensão do assunto.
Entendendo a condição ideal de funcionamento de um motor
Para um motor, a condição ideal de funcionamento é quando ele está em sua faixa ideal de temperatura (em média 100°C). Nessa condição o atrito diminui, pois suas folgas estão dentro do ideal, facilitando a lubrificação, assim como o óleo lubrificante estará em seu ponto ótimo de operação.
A quantidade de combustível injetada também estará com a sua dosagem ideal (uma vez que em temperaturas mais baixas, existe a necessidade de uma maior quantidade de combustível), diminuindo a contaminação do lubrificante pela combustão devido ao efeito blow by*.
Se juntarmos esses dois fatores a um regime de funcionamento com poucas variações (de rotação, aceleração e carga) teremos ai a condição ideal de funcionamento do motor, o que é ótimo pro motor de uma forma global, sobretudo pra o óleo lubrificante.
Uso rodoviário
Pelas condições acima citadas, o uso rodoviário é o que mais se aproxima da condição ideal e são baseadas nessas condições de uso que as montadoras definem a quilometragem limite para substituição do óleo do motor, por tanto, se não são essas as condições de uso do dia-a-dia do seu carro, você está dentro das condições de uso severo, que é onde o modo de utilização urbana se encontra.
Uso Urbano
No uso urbano as condições são exatamente as opostas as condições do uso rodoviário e por tanto, longe da condição ideal de funcionamento do motor, pois temos:
Percursos curtos – O motor não atinge a temperatura ideal e consequentemente trabalha com uma quantidade maior de combustível (o que também aumenta o consumo), ajudando a contaminar o óleo, assim como as folgas estarão menores, o que aumenta o atrito entre as peças móveis do motor.
Oscilação de rotação e carga – É o chamado “anda e para”, característica do trânsito urbano onde você está constantemente acelerando, freando, subindo e/ou descendo em uma constante troca de marchas e consequentemente o motor irá variar a rotação inúmeras vezes mesmo que em um curto trajeto.
Essas condições que o veículo é submetido no trânsito urbano diariamente é o que diminui, drasticamente, a vida útil do lubrificante, fazendo com que os fabricantes dos veículos e fornecedores de óleo do motor recomendem a antecipação da troca do óleo em até metade da quilometragem estimada ou seis meses, evitando assim a degradação do óleo e por consequência a formação da laca (borra de óleo), garantindo assim a lubrificação ótima do motor e prolongando a sua vida útil.
Consumo de Óleo
A grande maioria dos fabricantes admitem uma baixa do nível do óleo do motor a cada 1.000 quilômetros rodados, que pode ser de até 1(um) litro de óleo em alguns casos. Consulte o manual do seu veículo para se certificar qual a recomendação específica para ele e lembre de verificar o nível do óleo do motor a cada 1.000 kms para ver se encontra-se dentro do especificado.
Espero que tenha ficado claro pra você as diferenças e as influências no óleo lubrificante desses dos modos de utilização do seu carro. Caso tenha ficado alguma dúvida sobre o assunto, deixe um comentário ou passe um email para carroetecnica@gmail.com, que terei prazer esclarecer.
Sucesso, até o próximo post e se esse artigo ajudou a você, compartilhe com os amigos.
*Efeito Blow By ocorre no tempo de queima (ou expansão), onde uma parcela dos gases passam entre o pistão e o cilindro e chegam até o carter, onde se encontra o óleo do motor.
Paulo Costa, 46, é mecânico automotivo a 23 anos e instrutor a 15.