por Paulo Costa
Códigos OBD 2: Esteja Atento!
No passado as listas de códigos de falhas continham um pequeno número de códigos, porém, se isso não causava confusão (como veremos adiante), também deixava a informação para o técnico muito superficial.
Após o Padrão OBD 2, os códigos de falhas ficaram mais detalhados, devido às exigências da norma, o que exigiu aumentar a capacidade da UCE (Unidade de Comando Eletrônico) “enxergar” melhor o que está acontecendo com o Sinal de um sensor, quando esse está fora do padrão. A partir de então, passamos de uma descrição simples como Falha no Sensor de Detonação, para;
P0324 – Mau funcionamento do sistema de controle de detonação
P0325 – Mau funcionamento do circuito de detonação – Banco 1 ou sensor 1
P0326 – Sensor de detonação fora de faixa – sensor 1 ou banco 1
P0327 – Sensor de detonação – sinal de entrada baixo – sensor 1 ou banco 1
P0328 – Sensor de detonação – sinal de entrada muito alto – sensor 1 ou banco 1
P0329 – Sensor de detonação – sinal intermitente – sensor 1 ou banco 1
Temos então seis tipos de descrição para o sensor (de detonação) e cada descrição levará o técnico a seguir um direcionamento no diagnóstico, o que ajuda, ao menos em principio, a seguir uma linha de raciocínio. Lembramos que o exemplo acima segue apenas a norma para códigos de falha ISO/SAE Genéricas, ou seja, para todos os fabricantes de veículos.
Na prática diária na oficina, alguns pontos relevantes devem ser levados em consideração:
- Os códigos SAE/ISO iniciados com P0XXX são Genéricos para todos os fabricantes, mas ainda assim alguns fabricantes possuem seus próprios procedimentos para o diagnóstico.
- Existem ainda a codificação Proprietária, específica de cada fabricante.
- Alguns scanners não estão habilitados para leitura de Códigos Proprietárias (específicas do fabricante).
- Há montadoras que tem o seu próprio sistema de codificação e que precisa ser “traduzido” para o Padrão OBD 2.
- A descrição do código de falha por vezes não condiz com o código em si. Vejamos os exemplos:
1 – A descrição do código P0XXX informa Circuito Aberto do Sensor Y (o que indica um possível problema no sensor ou chicote), quando na verdade era para estar descrito Sinal do Sensor Y Fora de Faixa (o que indica um possível problema no sistema ou circuito em que o mesmo faz o monitoramento).
2 – A descrição do código informa Sinal Alto do Sensor Z (o que indica um curto ao positivo), quando o fio de sinal do sensor estava com Curto à Massa (logo a descrição deveria ser Sinal Baixo do Sensor).
Diante desses conflitos causados pela informação desprovida de clareza (hora por parte do fabricante devido à linguagem escolhida, hora por falha ou incapacidade do equipamento de diagnóstico de passar a informação correta), o técnico sofre preuízos aos técnicos, pois estas informações direcionam a sua linha de raciocínio para outro ponto, deixando o diagnóstico mais demorado.
Como então o técnico poderá escolher uma linha que o leve aou diagnóstico mais assertivo nos casos de problemas mais complexos, ou seja, as populares “broncas”, diante de tanta informação conflituosa?
Segue algumas dicas baseadas em experiência própria e também em casos descritos por colegas.
- Adquira o máximo de informação do proprietário do veiculo sobre as condições que acontece ou passou a acontecer a falha
- Sempre priorizar o código e não a descrição do código. Pesquise em diversas fontes para saber se a descrição está coerente com o código.
- Considerar outros códigos que possam vir juntos gravados na Memória de Avarias. Alguns códigos são gerados devido a falhas em outros componentes sem ligação direta, causando conflito.
- Levar em consideração todos os pontos que podem causar a indicação de falha em um determinado sensor, como; alimentação elétrica do sensor ou defeitos no chicote (resistência, interrupção, curto à massa ou ao positivo).
Muito importante também observar o ambiente que o mesmo está inserido e levar sempre em consideração a condição do sistema em que o mesmo atua, como por exemplo:
- Códigos relacionados ao Sensor de Detonação poderá ter como causa o fenômeno da Detonação em um ou mais cilindros.
- Códigos ligados ao MAP poderão ter como causa falha no sistema de distribuição ou perda de compressão em um ou mais cilindros.
- Códigos relacionados à Eficiência Catalítica poderão ter como causa a vazão ou o leque irregular de um “Bico” injetor.
Somente com os exemplos acima citados, poderíamos ter no processo de diagnóstico de um sensor ou atuador várias opções e necessidades de testes, utilizando os mais diversos recursos como; Scanner, Multímetro, Diagrama Elétrico, Osciloscópio, Manômetros diversos, etc.
As dicas acima parecem “desconstruir” o desconsiderar a utilidade da codificação OBD 2, porém, jamais ousaria isso. O que estamos levando em consideração é a realidade vivida na oficina, e não o idealizado e por isso o técnico deverá estar aberto e atento as diversas possibilidades para resolução de um defeito.
Esteja atento e sempre em busca de aprendizagem constante, pois, entre os diversos recursos disponíveis o mais importante é o seu conhecimento e a sua capacidade de emprego deste.
Ainda não há equipamento que lhe substitua, apenas que te auxilie.
Sucesso sempre!
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