por paulo costa
Nos anos 1980 o avanço no desenvolvimento do sistema de injeção eletrônica e sua consequente confiabilidade, estimularam montadoras nos Estados Unidos, Europa e Japão a cada vez mais utilizar o sistema nos seus modelos em substituição ao carburador.
Em 1980, a japonesa Motorola em parceria com a Ford Motor Company desenvolveu o primeiro sistema de injeção eletrônica microprocessado que controlava também o sistema de ignição e utilizava sensor de oxigênio (sonda lambda). Esse sistema foi denominado EEC-III (Eletronic Engine Control-III), que tinha uma (à época) excelente capacidade de autodiagnostico e controle de emissões de poluentes, trazendo assim uma grande contribuição para popularização dos sistemas de injeção eletrônica e contribuindo para a aposentadoria dos carburadores sobre tudo quando os limites para emissão de poluentes dos veículos automotores aumentaram naquela década.
Sistema de Ponto Único
Outra novidade introduzida nesse período foi o sistema de injeção de ponto único ou Single-point, assim chamada pelo fato do combustível ser injetado por um único injetor.
Aplicados em veículos populares da época, suas vantagens eram serem mais baratos e que ainda poderiam ser aproveitadas algumas peças (como filtro do ar, por exemplo) utilizadas pelos veículos com carburadores.
O Autodiagnostico
Com todo desenvolvimento dos sistemas automotivos, já a muitas décadas não era mais possível realizar a manutenção automotiva utilizando apenas os sentidos humanos ou a intuição (embora não possam ser descartadas até mesmo nos dias atuais), logo, a introdução de equipamentos de diagnósticos e a necessidade dos reparadores terem domínio das tecnologias se faziam necessários.
Com o sistema de injeção eletrônica consolidado e fazendo parte da realidade dos veículos automotores, a criação do autodiagnostico do sistema de injeção eletrônica se fez necessário. Foi a General Motors que criou, dentro de critérios mais apurados, e aplicou pela primeira o autodiagnostico do sistema ainda no início dos anos 1980 onde, inicialmente, ao detectar uma anomalia em um dos componentes o sistema gravava uma falha relativa em uma memória específica do computador (ECU)*, e acendia uma lâmpada específica no painel para alertar o condutor.
A conclusão do diagnóstico era feita pelo reparador automotivo com o auxílio de um scanner dedicado (entre outros recursos), onde o mesmo podia acessar a memória de avarias, ler os parâmetros de funcionamento do motor e ativar os atuadores do sistema, processo utilizado até os dias atuais, porém com um maior nível de complexidade, profundidade e precisão.
Novas tecnologias
Durante toda a década de 1980 o sistema de injeção eletrônica seguiu evoluindo sobre as mãos dos sistemistas (desenvolvedores) em parceria com as montadoras de veículos no tocante a; precisão na formação e queima (ignição) da mistura ar/combustível, controle do índice das emissões de poluentes, evolução tecnológica dos componentes, interatividade com outros sistemas embarcados como freios ABS, controle de tração e estabilidade e Air Bag, entre outros.
A segunda metade dos anos 1990 trouxeram ainda mais aperfeiçoamentos ao sistema de injeção eletrônica, tais como:
Controle do Motor – O computador que inicialmente controlava apenas a injeção e a ignição eletrônica de combustível passou a controlar todos os sistemas do motor e os demais a ele agregados como; ventoinha do arrefecimento, ar condicionado, atuação dos comandos de válvulas do motor (VVT), turbo compressor (quando aplicado), etc.
Drive By Wire – Aplicada pela primeira vez no final dos anos 1980 pela BMW, foi a partir da metade dos anos 1990 que o sistema de aceleração eletrônica se popularizou. Este dispensa o cabo do acelerador, sendo o corpo de aceleração/TBI controlado pela UCE*.
Injeção Direta de Combustível (GDI) – Mesmo sendo o modelo original de injeção de combustível, a injeção feita diretamente no interior do cilindro voltou a ser utilizada no ano de 1996 pela Mitsubishi, com gerenciamento eletrônico e mais precisão, trazendo mais economia e baixa emissão de poluentes e maior desempenho pros motores.
Passaram-se cento e quinze anos desde que o primeiro motor com injeção a gasolina surgiu e exatos sessenta que a injeção eletrônica de gasolina foi aplicada pela primeira vez. Esse magnifico sistema proporciona tanto uma diminuta emissão de poluentes como a extração de maior potência dos motores de baixa cilindrada (downsizing engines), tudo isso associado a um baixo consumo de combustível, e ainda assim, continua evoluindo.
*ECU – Unidade de Comando Eletrônico (do motor)